E agora eu sento no cantinho da sala com um pacote de bolacha de chocolate e simplesmente tento ler meu coração. Já não sei se ele está em pedaços fragmentados e perdi o ânimo de ajustá-lo no tique-taque ideal ou se simplesmente perdi uma peça dele por essas avenidas largas que passo todos os dias. Eu queria conseguir escrever as minúncias que sinto cada noite, queria decifrar o que vejo escorrer pelos dedos. Tanto carinho que simplesmente eu poderia ter agarrado e feito um doce chamado amor. Mas será mesmo que amor a gente faz?
Fico lembrando da quantidade de 'não' que a gente derruba na vida e poderia ter permitido ser 'sim'. Talvez a gente deva aceitar primeiro e amar depois. A via por onde o amor chega é a mesma por onde caminha a paciência, mas é contrária ao desejo puro. O que seduz apenas os olhos passa na contramão e a gente só consegue acompanhar se olhar pelo retrovisor. E aí já não sei se vale a pena seguir apenas um reflexo, um olhar que se dispersa a cada espaço caminhado. E aí eu repenso todo um conceito de amor que vi nos contos de fada, que sonho a cada sessão de comédia romântica com baldes de pipoca. E aí eu já não sei se quero um acaso entregando um presente de laço grande na caixa enorme e colorida juntamente com um cartão escrito "I love you, I need you". Não, definitivamente eu preciso de construção, de amor em pedaços tão pequenos quanto os caquinhos que estou guardando debaixo da cama de casal pra mais tarde sentar e colar. E se você vier pintando em tons de perfeição, eu sei o quanto vai ser difícil o meu tique-taque acompanhar teu ritmo e, mais ainda, sei o quanto vai doer te dizer que antes de mais nada eu quero paciência no lugar de perfeição. Se for assim, valerá a pena terminar a caixinha de doces, se não, a gente refaz os conceitos, mas jamais muda de via na estrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário