terça-feira, 24 de julho de 2012

Aos iguais de coração




A vontade da certeza de entender perguntas vãs se desfez no momento que passou a sentir. Os pés descalços, a grama entre os dedos, o vento nos cachos meio emaranhados, os olhos grudados no céu limpo de um Verão bonito, os dedos que contornavam o formato das nuvens preguiçosas que enfeitavam a imensidão azul.

E ela entendeu que o tempo descansa nesses momentos singulares, momentos que dão sentido ao sentir que emana dos detalhes, pequenos, amenos, quase imperceptíveis, mas no fundo, cheios de fundo, meio sem rumo encontram um lugar no extremo de cada canto - recanto para o encanto que nos habita.

Há de haver muito mais entre os iguais de coração. Nada foi feito para durar - foi o que ouvir falar. Mas a verdade é que tudo o que realmente importa se eterniza ao seu modo, quem define o tempo somos nós, que achamos que somos escravos desses ponteiros desvairados, que com pressa nos atingem sem maiores explicações, mas cabe a nós encher o peito de paz, seguir aquele caminho cujos olhos brilham mais. E no mais, fica tudo assim, com jeito intrínseco de tocar a vida.  

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Um frio que suplica um aconchego





Eu poderia falar do tempo que não sabe em que estação quer firmar-se; poderia gastar horas descrevendo as cores do céu indeciso de fim de tarde; poderia falar da saudade sonolenta que a brisa tranquila deixa a cada toque delicado; poderia até lhe escrever uma carta piegas, falando do quanto eu gosto de gostar de você. E posso tudo isso, porque poder é verbo bonito de se conjugar.

E quando eu paro um pouco só para suspirar entre um pensamento e outro, vejo que às vezes tudo pode ser de um jeito não esperado, ou até esperado secretamente, porque tenho essa mania esquisita, sabe? De imaginar-me velha como aquela senhora que admiro sorrindo para o senhor ao seu lado, que sorri de volta cordialmente e os olhos brilham, de ambos. Eu poderia ser menos descrente de tudo, sei bem, mas não sou, mesmo que o mundo ande tão assim, meio torto. Mas não culpo o mundo não, no fundo são as pessoas que enchem o peito de vazio só para ouvir a própria dor ecoar por seus cantos.

Bem, as coisas são assim, não é mesmo? Dizemos isso o tempo todo tentando nos fazer entrar num conformismo morno de quem não vê mais jeito para o mundo. Mas dentro de cada ser tem um espaço esperançoso que rege todas as outras coisas guiadas pela vontade do querer; do poder. E tudo vai fluindo bem desse modo, implorando olhos para denotar seus detalhes que devotadamente fazem orações ao tempo para não os deixar passar rápido demais, pois precisam ser notados; precisam ser descobertos para mostrar que tudo pode ter sim um pouco mais de magia; um pouco mais de amor para encher os peitos, os estômagos, os poros de cada ser pulsante.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Do retrato que também sou



Foi devaneio, pensamento, desejo, palavra; foi medo, gesto, casulo, e voo livre. Foi lagarta de manhã, borboleta à tarde, à noite foi saudade, foi travesseiro salgado, foi pensamentos leves por todo o quarto; foi telefonemas, cartas, ultimatos; foi exigências, paz e ternura; foi surpresa, expressões, impressões; foi ali e aqui; foi acima de tudo primeira pessoa, singular e plural; foi pieguices e folhas secas; foi menina, mulher, essência; foi risos, lágrimas, malas nunca desarrumadas; foi ramos, foi leve, foi sem levar; foi olhos, sussurros, foi a falta de despedida; foi amor – continua sendo; foi em seus tempos verbais o que conseguiu ser, foi e deixou-se levar pelo pretérito perfeito da imperfeição trazida de outrora, foi presente, foi futuro, é agora, porque entre palavras e rabiscos impreterivelmente sou.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Daquele brilho de estrela



Para a minha inquietação, percebi que o céu à noite é diferente em cada lugar. Porque busquei estrelas incansavelmente em um céu cujo manto fora encoberto por luzes artificiais, engoli em seco enquanto vislumbrava os arranha-céus rindo de minha quase inocência. Vi as casas e as pessoas passando velozmente, manchas de tudo o que vivi. E as constelações encobertas, longe do alcance de meu campo de visão murmuraram meus segredos insondáveis. Estremeci sentindo a brisa gelada que cortou o meu rosto naquela noite cujas estrelas enegrecidas esconderam-se. Tudo bem, repeti mentalmente, pois quando fica impossível enxergar o brilho das estrelas olhamos para dentro, e se já o vimos algum dia, então o veremos sempre. 

Amortecedor – amor tece dor – amor tecedor





Irônica até toda essa história, porque quando fiquei ali buscando em contos de utopias inexistentes um ombro pra chamar de meu, só achei palavras que nunca me pertenceram. Queria mesmo que minha vida imitasse aquelas tantas que eu admirava, queria em segredo e nem admitia pra mim mesma porque tinha vergonha de parecer boba, e na verdade era.

Teci em linhas imaginárias aqueles amores dos filmes e novelas, uma tola com o peito imaturo e a vontade do mundo de cair por terra, terra que envolve aquele lado emocional e frágil que todo mundo tem. Não sabia ainda que o amor tinha vontade própria, e que não adianta greve de fome, sinal de fumaça, coisa alguma, ele faz o que quer fazer.

Então foi bem assim, de modo despercebido e inesperado que caí, na verdade fui empurrada pelo próprio sentimento inexplicável, e o engraçado é que ao me derrubar voltou-se para o chão para amortecer a queda. Não sabe se faz rir ou chorar, não se decidiu. E não se decidiu porque não tem a intenção de fazer-se compreensível, a graça mesmo estar em mexer com a cabeça da gente.

Começou assim aquele bordado cheio de cor, às vezes quando perdia o ponto tentava voltar, mas as marcas ficavam lá, tecidas de dor. Não achei tão ruim assim, na verdade, achei sim, mas depois que passa a gente consegue ver melhor, as coisas são assim, digo sempre pra mim mesma tentando encobrir que na verdade, são as pessoas que são assim.

De tudo, às vezes acho que aprendi tanto que me imagino velha, enxergo até rugas quando começo com aqueles conselhos que não sigo,  e às vezes acho que ainda não aprendi nada, porque ainda cometo erros aos quais já havia me prometido acertar, e no fundo mesmo não sei de coisa alguma diante daquilo que quero sentir, porque o saber é importante sim, mas o sentir, há, esse não cabe nem aqui nem em canto nenhum. Quem conhece a etimologia do amor sabe bem do que falo; quem conhece os olhos do amor sente bem o que falo. Falo do amor que acalenta - do amor que dói - do amor que tece. 

Mania.




Mania de ligar demais pras coisas, de prestar atenção em cada palavra e depois pensar no que elas queriam significar. Mania de não aceitar a perda e a separação e sentir saudade de tudo e de todos. Mania de se importar com os que os outros falam, mesmo sabendo que se quiserem vão ter que me aceitar do jeito que eu sou. Mania de implicar e sempre buscar a justiça, seja com quem for. Mania de ouvir música alta e cantar ao mesmo tempo, mesmo nem sabendo a letra. Mania de tentar compor e escrever o que o coração guarda. Mania de gostar do mais simples, de não ligar pro dinheiro e sim pra intenção. Mania de amar o amigos, e a família e sempre querer cuidar de cada um. Mania de querer deixar todo mundo feliz, de sorrir pra desconhecidos e esperar um sorriso de volta. Mania de pensar 176271621 em 1 dia só, de ser perfeccionista. Mania de amar, mania de sorrir, de gritar, de chorar e de rir. Essa linda mania de saber viver.

Change




A gente se cansa. Se cansa da mesma 'mesmice' de sempre, pelo menos eu me cansei.  Agora, realmente, parei de ligar para o que os outros pensam. Tento ser a pessoa mais doce do mundo, mais compreensiva do mundo... mas parece que o meu melhor nunca é bom o bastante. Já não sei o que fazer.. acho que a melhor coisa é esquecer e não ligar mais. Deixar pra lá tudo e todos que me impedem de ser feliz, ninguém vai ser feliz por mim mesmo, certo? Então, está combinado: Me deixe ser feliz e aproveite e vá ser também, porque a vida não para. A vida é agora.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O moldar..

Eu quero ser, Senhor amado, como um vaso nas mãos do oleiro. Quebra minha vida e faze-a de novo ♫





Esse é um dos meus hinos preferidos. Sempre que tô meio perdida, sem saber o que fazer, esse hino me faz lembrar que um dia eu me entreguei nas mãos de alguém pra ser moldada segundo a vontade dele e que, portanto, todas as provações e tribulações que vierem, faz parte do trabalho que ele tá realizando na minha vida.
Para Deus poder agir, Ele precisa de permissão.
Se você quer que Deus dirija sua vida, terá que ser barro, terá que se entregar nas mãos do Oleiro, para que Ele possa te moldar.
"Quando se dá permissão pra o Espírito Santo entrar em nossa vida e moldar, é preciso estar disposto a viver o quebrar do Senhor.
Por mais que doa, por mais difícil que seja, ver-se sendo moldado pelo Senhor é inexplicável!"

Faz Teu querer, Senhor amado. És o Oleiro e eu esse vaso.
Quebra minha vida e faze-a de novo ♫

Ser moldado dói, mas vale a pena.