quarta-feira, 18 de julho de 2012

Do retrato que também sou



Foi devaneio, pensamento, desejo, palavra; foi medo, gesto, casulo, e voo livre. Foi lagarta de manhã, borboleta à tarde, à noite foi saudade, foi travesseiro salgado, foi pensamentos leves por todo o quarto; foi telefonemas, cartas, ultimatos; foi exigências, paz e ternura; foi surpresa, expressões, impressões; foi ali e aqui; foi acima de tudo primeira pessoa, singular e plural; foi pieguices e folhas secas; foi menina, mulher, essência; foi risos, lágrimas, malas nunca desarrumadas; foi ramos, foi leve, foi sem levar; foi olhos, sussurros, foi a falta de despedida; foi amor – continua sendo; foi em seus tempos verbais o que conseguiu ser, foi e deixou-se levar pelo pretérito perfeito da imperfeição trazida de outrora, foi presente, foi futuro, é agora, porque entre palavras e rabiscos impreterivelmente sou.

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