domingo, 23 de setembro de 2012

Dos que amam e não entendem



♫ (...) “Não pense que eu não desejei,
não diga que eu não quis,
é só que eu me assustei
 ao me ver tão feliz...” ♪
Romeu - Agridoce


As palavras lhe diziam o que ele significava, as músicas cantavam em seus ouvidos a poesia de seu sentir e seu tolo coração batia fora de compasso ao pensar no sentimento. O rapaz já pensara ter conhecido o amor, mas ao crescer percebeu que tudo o que conhecera fora apenas esboços malfeitos por sua ingenuidade em enxergar que ele não estava lá. A vida ou tempo ou destino, entenda você como quiser, lhe mostraram que aquele tal amor possui uma ambiguidade assustadoramente confusa e então ao invés de continuar seu percurso em busca dele, ele desistiu. Desistiu por não querer se enganar mais. Desistiu por medo de sofrer. Desistiu, até mesmo, por medo de amar.Ele acreditava, porém, que o sentimento rubro sondava sua vida, escondido em esquinas e esperando que seus passos lhe guiassem ao seu encontro, mas o rapaz sempre tomava um caminho diferente. O amor e ele se desencontravam constantemente, embora tenham se esbarrado repetidas vezes e ele não reparou que estivera perto. Tão perto que seu coração batia mais acelerado e depois suspirava de decepção pela estupidez de seu dono. Talvez você conheça esse rapaz, ele é extraordinariamente comum e pode ser visto em qualquer lugar. Você pode topar com ele em um café, pode cruzar seu caminho numa rua movimentada, pode sentar ao seu lado no ônibus ou metrô. Se você prestar atenção pode vislumbrar fagulhas de sorrisos desprendendo de seus lábios, pode avistar uma aura de alegria que ele emana e pode, se muito atentamente observar, desvendá-lo. Ele caminha de mãos dadas com a solidão, de olhos distraídos para os sentimentos que o cercam. Estranhamente bobo e encantadoramente charmoso. Sabe responder as perguntas mais difíceis, mas se confunde com as mais simples, ele sempre busca uma profundidade onde não há. Pergunte-o sobre seus livros e filmes preferidos e tome um banho de exclamações animadas e sugestões. Pergunte-o sobre os segredos de seu coração e afogue-se num silêncio impenetrável. Esse rapaz, familiar ou não para você, possui um otimismo arraigado em seu ser e mesmo quando quer ser pragmático soa como um idealista e carrega um brilho nos olhos que denuncia que por trás de uma fachada, ora carrancuda, ora sorridente, há alguém cuja fé ainda respira e cuja esperança brota de uma fonte aparentemente inesgotável. O amor? Ele está lá também, dentro dele, perdido no intrincado labirinto que ele criou para aprisioná-lo. Ele quer que o amor vença suas barreiras, quer compreendê-lo, quer senti-lo de forma tangível. Ele é um rapaz que busca certezas e este é seu defeito mais cruel, pois certezas não existem na realidade, principalmente quando se trata do amor. Ele ainda tem suas dúvidas se sabe amar ou não e enquanto a resposta derradeira não vem, que ele ame.Que ame até perceber que esteve amando durante todo o tempo que quis entender o amor e que assim continue.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Aos iguais de coração




A vontade da certeza de entender perguntas vãs se desfez no momento que passou a sentir. Os pés descalços, a grama entre os dedos, o vento nos cachos meio emaranhados, os olhos grudados no céu limpo de um Verão bonito, os dedos que contornavam o formato das nuvens preguiçosas que enfeitavam a imensidão azul.

E ela entendeu que o tempo descansa nesses momentos singulares, momentos que dão sentido ao sentir que emana dos detalhes, pequenos, amenos, quase imperceptíveis, mas no fundo, cheios de fundo, meio sem rumo encontram um lugar no extremo de cada canto - recanto para o encanto que nos habita.

Há de haver muito mais entre os iguais de coração. Nada foi feito para durar - foi o que ouvir falar. Mas a verdade é que tudo o que realmente importa se eterniza ao seu modo, quem define o tempo somos nós, que achamos que somos escravos desses ponteiros desvairados, que com pressa nos atingem sem maiores explicações, mas cabe a nós encher o peito de paz, seguir aquele caminho cujos olhos brilham mais. E no mais, fica tudo assim, com jeito intrínseco de tocar a vida.  

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Um frio que suplica um aconchego





Eu poderia falar do tempo que não sabe em que estação quer firmar-se; poderia gastar horas descrevendo as cores do céu indeciso de fim de tarde; poderia falar da saudade sonolenta que a brisa tranquila deixa a cada toque delicado; poderia até lhe escrever uma carta piegas, falando do quanto eu gosto de gostar de você. E posso tudo isso, porque poder é verbo bonito de se conjugar.

E quando eu paro um pouco só para suspirar entre um pensamento e outro, vejo que às vezes tudo pode ser de um jeito não esperado, ou até esperado secretamente, porque tenho essa mania esquisita, sabe? De imaginar-me velha como aquela senhora que admiro sorrindo para o senhor ao seu lado, que sorri de volta cordialmente e os olhos brilham, de ambos. Eu poderia ser menos descrente de tudo, sei bem, mas não sou, mesmo que o mundo ande tão assim, meio torto. Mas não culpo o mundo não, no fundo são as pessoas que enchem o peito de vazio só para ouvir a própria dor ecoar por seus cantos.

Bem, as coisas são assim, não é mesmo? Dizemos isso o tempo todo tentando nos fazer entrar num conformismo morno de quem não vê mais jeito para o mundo. Mas dentro de cada ser tem um espaço esperançoso que rege todas as outras coisas guiadas pela vontade do querer; do poder. E tudo vai fluindo bem desse modo, implorando olhos para denotar seus detalhes que devotadamente fazem orações ao tempo para não os deixar passar rápido demais, pois precisam ser notados; precisam ser descobertos para mostrar que tudo pode ter sim um pouco mais de magia; um pouco mais de amor para encher os peitos, os estômagos, os poros de cada ser pulsante.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Do retrato que também sou



Foi devaneio, pensamento, desejo, palavra; foi medo, gesto, casulo, e voo livre. Foi lagarta de manhã, borboleta à tarde, à noite foi saudade, foi travesseiro salgado, foi pensamentos leves por todo o quarto; foi telefonemas, cartas, ultimatos; foi exigências, paz e ternura; foi surpresa, expressões, impressões; foi ali e aqui; foi acima de tudo primeira pessoa, singular e plural; foi pieguices e folhas secas; foi menina, mulher, essência; foi risos, lágrimas, malas nunca desarrumadas; foi ramos, foi leve, foi sem levar; foi olhos, sussurros, foi a falta de despedida; foi amor – continua sendo; foi em seus tempos verbais o que conseguiu ser, foi e deixou-se levar pelo pretérito perfeito da imperfeição trazida de outrora, foi presente, foi futuro, é agora, porque entre palavras e rabiscos impreterivelmente sou.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Daquele brilho de estrela



Para a minha inquietação, percebi que o céu à noite é diferente em cada lugar. Porque busquei estrelas incansavelmente em um céu cujo manto fora encoberto por luzes artificiais, engoli em seco enquanto vislumbrava os arranha-céus rindo de minha quase inocência. Vi as casas e as pessoas passando velozmente, manchas de tudo o que vivi. E as constelações encobertas, longe do alcance de meu campo de visão murmuraram meus segredos insondáveis. Estremeci sentindo a brisa gelada que cortou o meu rosto naquela noite cujas estrelas enegrecidas esconderam-se. Tudo bem, repeti mentalmente, pois quando fica impossível enxergar o brilho das estrelas olhamos para dentro, e se já o vimos algum dia, então o veremos sempre. 

Amortecedor – amor tece dor – amor tecedor





Irônica até toda essa história, porque quando fiquei ali buscando em contos de utopias inexistentes um ombro pra chamar de meu, só achei palavras que nunca me pertenceram. Queria mesmo que minha vida imitasse aquelas tantas que eu admirava, queria em segredo e nem admitia pra mim mesma porque tinha vergonha de parecer boba, e na verdade era.

Teci em linhas imaginárias aqueles amores dos filmes e novelas, uma tola com o peito imaturo e a vontade do mundo de cair por terra, terra que envolve aquele lado emocional e frágil que todo mundo tem. Não sabia ainda que o amor tinha vontade própria, e que não adianta greve de fome, sinal de fumaça, coisa alguma, ele faz o que quer fazer.

Então foi bem assim, de modo despercebido e inesperado que caí, na verdade fui empurrada pelo próprio sentimento inexplicável, e o engraçado é que ao me derrubar voltou-se para o chão para amortecer a queda. Não sabe se faz rir ou chorar, não se decidiu. E não se decidiu porque não tem a intenção de fazer-se compreensível, a graça mesmo estar em mexer com a cabeça da gente.

Começou assim aquele bordado cheio de cor, às vezes quando perdia o ponto tentava voltar, mas as marcas ficavam lá, tecidas de dor. Não achei tão ruim assim, na verdade, achei sim, mas depois que passa a gente consegue ver melhor, as coisas são assim, digo sempre pra mim mesma tentando encobrir que na verdade, são as pessoas que são assim.

De tudo, às vezes acho que aprendi tanto que me imagino velha, enxergo até rugas quando começo com aqueles conselhos que não sigo,  e às vezes acho que ainda não aprendi nada, porque ainda cometo erros aos quais já havia me prometido acertar, e no fundo mesmo não sei de coisa alguma diante daquilo que quero sentir, porque o saber é importante sim, mas o sentir, há, esse não cabe nem aqui nem em canto nenhum. Quem conhece a etimologia do amor sabe bem do que falo; quem conhece os olhos do amor sente bem o que falo. Falo do amor que acalenta - do amor que dói - do amor que tece. 

Mania.




Mania de ligar demais pras coisas, de prestar atenção em cada palavra e depois pensar no que elas queriam significar. Mania de não aceitar a perda e a separação e sentir saudade de tudo e de todos. Mania de se importar com os que os outros falam, mesmo sabendo que se quiserem vão ter que me aceitar do jeito que eu sou. Mania de implicar e sempre buscar a justiça, seja com quem for. Mania de ouvir música alta e cantar ao mesmo tempo, mesmo nem sabendo a letra. Mania de tentar compor e escrever o que o coração guarda. Mania de gostar do mais simples, de não ligar pro dinheiro e sim pra intenção. Mania de amar o amigos, e a família e sempre querer cuidar de cada um. Mania de querer deixar todo mundo feliz, de sorrir pra desconhecidos e esperar um sorriso de volta. Mania de pensar 176271621 em 1 dia só, de ser perfeccionista. Mania de amar, mania de sorrir, de gritar, de chorar e de rir. Essa linda mania de saber viver.

Change




A gente se cansa. Se cansa da mesma 'mesmice' de sempre, pelo menos eu me cansei.  Agora, realmente, parei de ligar para o que os outros pensam. Tento ser a pessoa mais doce do mundo, mais compreensiva do mundo... mas parece que o meu melhor nunca é bom o bastante. Já não sei o que fazer.. acho que a melhor coisa é esquecer e não ligar mais. Deixar pra lá tudo e todos que me impedem de ser feliz, ninguém vai ser feliz por mim mesmo, certo? Então, está combinado: Me deixe ser feliz e aproveite e vá ser também, porque a vida não para. A vida é agora.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O moldar..

Eu quero ser, Senhor amado, como um vaso nas mãos do oleiro. Quebra minha vida e faze-a de novo ♫





Esse é um dos meus hinos preferidos. Sempre que tô meio perdida, sem saber o que fazer, esse hino me faz lembrar que um dia eu me entreguei nas mãos de alguém pra ser moldada segundo a vontade dele e que, portanto, todas as provações e tribulações que vierem, faz parte do trabalho que ele tá realizando na minha vida.
Para Deus poder agir, Ele precisa de permissão.
Se você quer que Deus dirija sua vida, terá que ser barro, terá que se entregar nas mãos do Oleiro, para que Ele possa te moldar.
"Quando se dá permissão pra o Espírito Santo entrar em nossa vida e moldar, é preciso estar disposto a viver o quebrar do Senhor.
Por mais que doa, por mais difícil que seja, ver-se sendo moldado pelo Senhor é inexplicável!"

Faz Teu querer, Senhor amado. És o Oleiro e eu esse vaso.
Quebra minha vida e faze-a de novo ♫

Ser moldado dói, mas vale a pena.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Gente Importante

A gente passa a vida procurando novos motivos, novas alegrias... o sol se poe, a lua encanta nossos olhos e assim os dias vão e vem, o tempo vai escorrendo por nossas mãos sem que percebamos o deslize.
 Queremos que nossos sonhos aconteçam exatamente como imaginamos, idealizamos momentos, criamos esperanças... mas nos esquecemos das coisas que acontecem sem serem esperadas, pessoas que surgem como presentes em nossas vidas. Descobrimos belezas escondidas, fortalezas ocultas, amizades que fortificam. E quem pensa que não vai ter mais nada de surpreendente na vida, acaba por descobrir novas fontes de amor, de paz, ternura e alegria.
   As pessoas que surgem de repente, adquirem um lugar especial, um sentimento que cresce a cada conversa, a cada novo encontro e até mesmo quando as visitas e os diálogos são escassos. E quando é assim, a lembrança das risadas, dos abraços, dos momentos divididos e que eternizaram cada gesto são responsáveis por multiplicar os índices de carinho que se guarda no peito.
   Tem gente que não sabe, não tem noção do quanto é importante, as vezes até sem perceber anima, ajuda, aumenta a nossa auto-estima. E é assim que se segue com novas oportunidades de ser feliz.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

É Tempo de Aperfeiçoar


As horas vão passando e as coisas vão acontecendo, acabamos por perceber que muitos dos nossos sonhos, muitas de nossas vontades acabaram se perdendo com esse movimentar frenético dos ponteiros que alteram o relógio. Só depois de algum tempo descobrimos a preciosa vida que perdemos cada vez que criamos nossos sonhos e ilusões mas ao mesmo tempo em que deixamos as esperanças sobre eles fortalecerem, abandonamo-los por achar que um dia por força do destino eles se cumprirão enquanto estamos sentados em um lugar confortável.

É engraçado as vezes, porque hoje temos planos e imaginamos o que queremos do futuro porém amanhã quando ele chega, as vezes nada acontece como foi planejado por nós. O sonhos por vezes vira decepção, e as expectativa são frustradas. Mas é só quando não podemos mais desistir que percebemos que aquilo que realmente é bom vem sem termos o intuito de possuir, sem a ansiedade autoritária que criamos junto com os sonhos.

É preciso aprender a aperfeiçoar o que nos foi dado, tornar aquilo que veio sem planejar enriquecedor pra nossas vidas já tão desgastadas por acontecimentos diários, e que de um em um diminuem as esperanças, as forças, vontades... é preciso crer em algo maior, algo que fortaleça nossa fé, que criem mais sonhos em nossa escuridão hodierna, que faça com que acreditemos na vida apesar de todas as suas facetas que nem sempre condizem com nossa vontade. Precisamos aprender a aceitar tudo que nos foi dado por acaso, pois é através dos acontecimentos diários que construímos o futuro que almejamos.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Novos Poemas de Amor

E se foram os velhos textos, os sentimentos castigados e amadurecidos com o passar daqueles dias. Alguns exautivos, outros absurdamente prazerosos. Remoí alguns momentos, mas decidi que agora só teria novidades. Andei por mais alguns metros, me distanciei e olhei pra trás menos impaciente e mais cuidadoso.

Talvez eu tenha demorado de escrever a carta final, o parágrafo que soasse melancolicamente uma despedida, a frase que arrematasse tudo que foi vivido. Beijos e lágrimas podem definir algo que não me tirou do chão, apenas me deu vôos rasos. O legal é pensar que os velhos poemas de amor, que ainda estão sobre o banco de uma gangorra, me deixam absurdamente entusiasmado em tê-los de volta. Engraçado sofrer pela falta do sofrimento, gritar pela falta de confusão, remoer pelo que hoje virou vazio em meio a explosões de outros tempos.

Sentei no banco de madeira logo ali, no meio da confusão, e revi os pedacinhos de papéis que fui guardando na bolsa, antes de atirá-la ao mar, em um pedido de conforto. E se algum minuto dos próximos dias eu sentir saudade daqueles pedaços escritos à mão, lembrarei que estarão tão apagados quanto minhas aflições. Saudade fica, saudade vai. No fim, quero sentir falta daquilo que ainda não veio, daquilo que ainda não senti, daquele que seja pelo menos um vazio cheio de novos poemas de amor.

Texto de Patrick Moraes

Cheios de vazios
que transbordam
seus sentimentos
pelo meio.
Paulinho Moska

Quer saber se me ins(pira)

É, parece pirado o que vou dizer, e sempre achei que fosse tão óbvio e claro que se tornasse perceptível, ao menos pra você. Deixei ficar subtendido...

Acho que falar "você me inspira" é pouco explicativo: Até chocolate pode fazer isso com alguém, e nada se encaixaria perfeitamente no papel como você. Você pode me perguntar como, quando e porquê meio brincando, meio sério, meio querendo disfarçar uma dúvida, um ego, e eu vou entender.

Veja bem, sem que precise projetar vesticulosamente um texto estratégico, elaborado, bem pensado, sem que nem mesmo eu dite as palavras, elas se ordenam na sequência mais bela, no simples fato de lembrar você.

Aí é ins(piração) na chuva, na rua e fazenda. No sol, na lua... ao acordar e ao dormir. Quando está deslumbrante ou desarrumado, quando termina o banho ou ainda suado. Quando sob medida e até estragado de defeitos. Chegando ou voltando da partida. Quando conversando ou em silêncio. Quando tuas mãos me guiam, acariciam ou me seguram. Quando sinto o cheiro e a presença mesmo ausente (e vice versa). Com presa, devagar, agora e a perder de vista. Quando bobo, conselheiro, exemplo ou admirável. No supermercado, dirigindo, me olhando, vendo tv, lendo o livro, acessando a internet, descalço, correndo, no cinema ou chão da sala... na cama! Quando "nós", quando "a gente', quando "queremos".

Me ins(pira) tanto e de tantas formas, tão simples que torna fácil amar. Completa e profunda inspiração. Se ainda quiser provas, datas e contextos... leia a mim, chega perto e deixa meu coração falar; Vai sentir que tenho loucura por você!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Contramão


E agora eu sento no cantinho da sala com um pacote de bolacha de chocolate e simplesmente tento ler meu coração. Já não sei se ele está em pedaços fragmentados e perdi o ânimo de ajustá-lo no tique-taque ideal ou se simplesmente perdi uma peça dele por essas avenidas largas que passo todos os dias. Eu queria conseguir escrever as minúncias que sinto cada noite, queria decifrar o que vejo escorrer pelos dedos. Tanto carinho que simplesmente eu poderia ter agarrado e feito um doce chamado amor. Mas será mesmo que amor a gente faz?

Fico lembrando da quantidade de 'não' que a gente derruba na vida e poderia ter permitido ser 'sim'. Talvez a gente deva aceitar primeiro e amar depois. A via por onde o amor chega é a mesma por onde caminha a paciência, mas é contrária ao desejo puro. O que seduz apenas os olhos passa na contramão e a gente só consegue acompanhar se olhar pelo retrovisor. E aí já não sei se vale a pena seguir apenas um reflexo, um olhar que se dispersa a cada espaço caminhado. E aí eu repenso todo um conceito de amor que vi nos contos de fada, que sonho a cada sessão de comédia romântica com baldes de pipoca. E aí eu já não sei se quero um acaso entregando um presente de laço grande na caixa enorme e colorida juntamente com um cartão escrito "I love you, I need you". Não, definitivamente eu preciso de construção, de amor em pedaços tão pequenos quanto os caquinhos que estou guardando debaixo da cama de casal pra mais tarde sentar e colar. E se você vier pintando em tons de perfeição, eu sei o quanto vai ser difícil o meu tique-taque acompanhar teu ritmo e, mais ainda, sei o quanto vai doer te dizer que antes de mais nada eu quero paciência no lugar de perfeição. Se for assim, valerá a pena terminar a caixinha de doces, se não, a gente refaz os conceitos, mas jamais muda de via na estrada.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

CHIQUE É CRER EM DEUS by Glória Kalil



Nunca o termo “chique” foi tão usado para qualificar pessoas como nosdias de hoje.
A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro Italiano. O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.
Chique mesmo é ser discreto.
Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuaçõe inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.
É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador.É lembrar-se do aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais!Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.
É “desligar o radar”, “o telefone”, quando estiver sentado à mesa do restaurante, prestar verdadeira atenção a sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!
Chique do chique é não se iludir com “trocentas” plásticas do físico… quando se pretende corrigir o caráter: não há plástica que salve grosseria, incompetência, mentira, fraude, agressão, intolerância, ateísmo…falsidade.
Mas, para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos terminar da mesma maneira, mortos sem levar nada material deste mundo.
Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e nãoaceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem, que não seja correta.
Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!
Porque, no final das contas, chique mesmo é Crer em Deus!
Investir em conhecimento pode nos tornar sábios… mas, Amor e Fé nos tornam humanos!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Pequenices


Cruzei o mar, estrada além,
tô aqui pra ver se ainda bate, pulsa.
Roberta Sá

De repente deu vontade de menos, começar em baixa velocidade e a pé. De repente eu só queria um amor pequeno, um desejo pequeno, uma cidade pequena e nada do que fosse grande faria meus olhos brilharem. De repente você seria capaz de tornar tudo mais simples, quebrar barreiras, sumir com toda essa bolha transparente que construi camada a camada com dor. Não, não dói mais. Hoje é apenas proteção, hoje é apenas maturação de vida necessária, adulta, uma espécie de remédio anti romances fadados ao fracasso.

Foi de repente que mudei de planos, olhei pra mim e disse que eu queria pequenices. Sorriso bobo de manhã bem cedinho, cafuné dengoso com os olhos sorrindo, com os beijos brilhando, com o coração andando tão rápido que parecia tropeçar a qualquer momento. Pão quente com manteiga, cueca jogada no chão do banheiro, lençol embolado na cama e água quente no corpo. Boas companhias em um lugar aparentemente pequeno.

De repente, olhei pra dentro e vi um coração pequeno. Um pedacinho do que já foi tão grande um dia, tão bobo, tão afetivamente disposto a amar em troca de um simples beijo. E mesmo que amar não seja só troca, e mesmo que amar seja estar disposto a, e mesmo com tantas definições subjetivas, caóticas e dramáticas em torno do verbo, eu ainda fiquei olhando pra dentro e achando tudo pequeno, do jeito que eu desejei. De repente, ser pequeno era ter crescido e toda aquela história da pequenice virou confusão.

E foi de repente que ouvi o pequeno gritar, assustado com tamanha pequenice: "Apressa o passo, esquece tudo jogado naquele quarto e simplesmente vive, menino. Amar? Na hora certa seu coração corre, deixa de ser pequeno e explode a bolha. Nessa hora, o aperto vai te contar baixinho o quanto ser pequeno deixará de valer a pena".

domingo, 8 de janeiro de 2012

Vai e Vem



Quando eu era espera nada era, nem chovia, nem fazia...
Só sentir que a calma,
não acalma quando só há solidão.
(Núria Mallena)



Texto pronto! - pensou ela - e sim, dizer "não" era o melhor a fazer. Sua imaginação havia ajudado a preparar argumentos para supostas defesas que ele ousasse falar.
Fecha os olhos e ensaia a tática! Concentração, fala "desimbestada" e pouca respiração para não correr o risco de esquecer ou mudar de ideia. Aquela situação não podia ser prolongada nem mais um dia, já tinha sido por tempo demais...
Sua respiração lhe dá a certeza de que o ar foi embora sem pedir licença. Parece que a dor que prevê sentir após a conversa vem antecipada apertando o peito. A espera faz dar voltas em circulos...
Deve chamar de ansiedade o desespero com que olhava debruçada no peitoral da janela, meio querendo que ele chegasse logo, meio tentando teletransportar a mensagem pra que ele nem sequer viesse. Num misto físico e emocional de boca seca, angústia, calor, frio, insônia e amor. Certamente as placas internas estão se confrotando.
Lembranças vem em turbilhão. Pensa em tudo que não mudaria e se esforça para equilibrar com o que podia ser diferente. Não importa. Não foi! Ela fez sua parte e ele não... Procura loucamente o orgulho que lhe resta. Todo ele, qualquer terço não basta. Força a memória relembrando tudo aquilo que lhe fez sofrer, ela precisa estar armada quando ele passar pela porta!
Busca no espelho expressões seguras. Aparentemente está...talvez não seja esperto contar quantos cacos tem por dentro. Ainda no espelho se apronta, se arruma e se reprime lembrando que ela não deve nem precisa estar bonita, não para ele. Lágrimas escorrem e são enxugadas automaticamente espantando o momento de fraqueza.
Pega o celular, uma conferidinha numa possível mensagem ou ligação perdida dele… quem sabe algum imprevisto. Quem sabe alguma mudança. No display não tinha nada...Por dentro gritava "não venha" e com tapinhas agresivos em si mesma acorda do transe percebendo a necessidade dele alí.
Deita na cama, tentativa anestésica. Olhos fechados. Pensamentos distantes. Eco de uma frase da comédia nacional De Pernas pro arassistida dias antes: "Chegou disposta a discutir e ele chegou disposto a fazer as pazes. Você se fez de difícil e ele se fez de romântico. Ele disse que não vive sem você e você acreditou. E o melhor, nem ele nem você tiveram coragem de falar neh?! Afinal, o importante é que vocês fiquem bem em nome do amor..." Não! Não mesmo! Na pele aquilo não tinha graça e não poderia acontecer. Ela falaria tudo!
Tentou negar o barulho de portão que seus ouvidos escutaram. Mas era fato, ele chegou! Maldito universo, inimigo conspirador...Nenhum tremor que tivesse lhe tomado antes havia sido maior que aquele quando seus olhos se bateram nele. Lembrou outra cena do filme... ela tinha que ser outra mulher, porque não era possível que ele estivesse mais lindo, mais atraente... respira, respiração rápida para espantar aquela sensação física que queima antes que ele se aproxime mais.
Em sua direção ele caminhava e no seu olhar muita coisa, menos falta de amor. Desesperadamente ela começa a falar, despejar, entala. Péssima atriz. Tão insegura, tão artificial! Mas ainda assim acreditava que houvessem forças ocultas lhe impulsionando naquele momento...
Enfim consegue dizer tudo que pensa, ou planejou, sei lá...
Mas ele, como sempre, ele pareceu não escutar… embora não tivesse desviado o olhar dela nem por um segundo como se esperasse apenas que aquele derramamento de palavras terminasse.
Chegou a vez dele. Observando, ela espera uma reação. Sim, ela deixaria que ele se mansifestasse também. Havia ensaiado anestesia para este momento. Mas ela continua observando e o silêncio dele não dá as respostas que ela esperava...
Ele somente se aproxima mais, chega bem mais perto. Afasta um pouco a franja dos olhos dela e de forma suave deixa a mão escorregar afagando sua face. Ele lhe equilibra sustentando sua cintura. Ela abaixa a fronte, fecha os olhos, se esforça internamente para afastar-se, ele não deixa.
Você não vai dizer nada, certo? - não havia pensado em nada mais certo naquele entardecer - “Não pense!” – e um beijo trouxe a sensação de recomeço - a ordem dele havia sido suprema, nenhum pensamento sequer ousou atordoá-la. Nenhum esforço, quem dirá tentativa de fuga...
Possivelmente ela volte a pensar, mas não antes de estar a quilômetros de distância da possibilidade daquele beijo.

sábado, 7 de janeiro de 2012






Ontem as coisas estavam bem, a mesma rotina pacata de sempre. Hoje tudo parece estar fora do lugar. Olhar para aquele que parecia tão normal, era tão comum quanto olhar para um outro alguém.

Na primeira oportunidade de uma pequena e curta aproximação descobre-se que aquela pessoa tem mais a ver com você do que você podia imaginar… E que você tem mais a ver com aquela pessoa do que podia pensar. Apartir daí passa a vê-lo com outros olhos e passa a projetar todos os seus desejos no outro. Acontece que entre os dois, só um está livre, fisicamente falando. E agora? O que fazer? Pra onde fugir? Como evitar? Fingir que nada está acontecendo? Deixar ser? Mas e o depois?

Já é tarde demais. A emoção fala mais alto desmoralizando qualquer razão. Os interesses, as curiosidades vão surgindo no mesmo momento em que as coisas vão se entrelaçando a cada dia que se convive e a vontade de estar perto só aumenta.
É um querer estar perto, mesmo que sem tocar o outro e sentir-se feliz.
É um querer estar perto para sentir o sorriso do outro, mesmo que não seja a um palmo do seu nariz.
É um querer estar perto e só deixar o clima solto no ar sem precisar admitir tudo isso um ao outro.
É um querer estar perto mesmo que o outro não saiba disso. E por mais que o outro não saiba, é inevitável não sentir a energia e a química entre os dois.
É um querer estar perto pra conversar ‘alguma coisa sobre qualquer coisa’ e sentir-se satisfeito por isso.
É um querer estar perto e fazer ‘nada’ juntos e isso ser o máximo.
É um querer estar perto e não uma questão sexual. É um estranho respeito.
É um querer estar perto e se sentir tranquila se aquele encontro não tiver hora pra acabar.
É um querer estar perto pra fazer o que se quer, sem pressa, sem atropelar nada e sequer pular algum capítulo.
É um querer estar perto e não precisar lembrar que o ‘pra sempre’ sempre acaba.
É um querer estar perto e querer de alguma forma, ter a certeza de que o outro vai ser sempre seu.
Que coisa! Há se pudesse evitar! Se tivesse sido diferente, se entre idas e vindas as coisas continuassem sendo como sempre foram. E por que será que o mundo conspira a favor das mudanças repentinas em nossas vidas, justamente quando gostaríamos que elas já estivessem estabelecidas?!
É um querer estar perto mas que não se pode compartilhar essa vontade com outraspessoas.
É um querer estar perto, inconsequente. Que não tem medidas, que não responde por si.
É um querer estar perto e sentir-se segura e protegida quando se está.
É um querer estar perto que mexe com a sanidade, que faz ficar boba, que faz ficar sem ação e reação, que arrebate todo o texto que estava preparado para dizer para o outro e faz cair por terra tudo aquilo que estava planejado para quando o encontrasse.
É um querer estar perto que desarma. Que deixa desguarnecido.
É um querer estar perto que se compara à uma tempestade que se acalmou quando se está ao lado do outro.
É um querer estar perto que faz com que os olhos brilhem e o coração fique insano e inquietante.
É um querer estar perto e olhar nos olhos do outro, sentir a presença, admirar o sorriso, ouvir a voz como se fosse a mais linda canção… É uma coisa que não se mede, não se controla, apenas sente.
É um querer estar perto e fim.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

"E agora estamos aqui. Sentados à mesa, poucas palavras, algumas justificativas e muito para explicar. Os olhos mergulhados em mágoas, o choro carregado de dor. Diante de tudo, talvez, o perdão. Quem sabe mudarmos de assunto. Atitude, razão... Fingir. Mentir mais uma vez. Falar qualquer coisa, deixar a poeira abaixar. O silêncio persiste. Melhor ficarmos calados. Agora não dá mais para voltar atrás. Por tudo que foi dito. Pior: por tudo que foi feito. Arrependimento. Decepção. E o amor onde fica? Morreu? Morre aos poucos. Ao menos será que algum dia existiu? Nos levantamos. Sequer nos olhamos. O tempo se encarrega do resto..."
(Alex Calheiros)